segunda-feira, março 12, 2012

O Elogio da Loucura (versão burguesa)


O alargamento da Liga para 18 clubes foi já decidido. A premissa que conduziu à eleição de Mário Figueiredo demonstra cabalmente o estado deplorável a que chegou o futebol português. As ideias e projetos foram ostracizados em função do vil metal, um lema que ficaria convenientemente bem bordado em qualquer bandeira tricolor de um país do Terceiro Mundo.
Em bicos de pés nas suas cátedras almofadadas, os pequeninos bradaram a plenos pulmões que não estavam interessados na verdade desportiva. Portanto, o que interessa é ter mais 2 joguitos em casa para encher os cofres, juntando esse dinheirito aos emolumentos que recebem de empresários com ligações perigosas por acolherem no seio dos seus plantéis jogadores com ligação ao FCP e que se lesionam sempre misteriosamente antes do confronto com a casa-mãe.
A reflexão sobre a reorganização do quadro competitivo nacional não deveria ser feita às custas do sacrifício da verdade desportiva. O Paços que ontem comeu a relva frente ao Benfica poderá ser um Paços completamente diferente daquele que receberá o FCP na 24ª jornada, pois já não há descidas de divisão a temer. O Feirense poderá receber despreocupadamente o Braga na próxima jornada, pois já não há descidas a recear. Belo panegírico, sim senhor!E como fica agora a Taça da Liga? Atirada às feras.
Lembrei-me do belo texto de Erasmo de Roterdão e da forma como em 1509 aquele autor criticou a postura comportamental de algumas eminências pardas que viviam de forma completamente distinta da defendida pelos preceitos cristãos:
"Eis os soberanos pontífices, os cardeais e os bispos! Hoje, estes pastores não fazem nada senão alimentar-se bem. Esquecem que o nome de bispo significa labor e vigilância. Estas qualidades servem-lhes para deitar mão ao dinheiro..."

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