quinta-feira, janeiro 06, 2005

6 Minutos

A propósito da histórica vitória do Real Madrid sobre a Real Sociedad, em 6 minutos (tempo que faltava jogar do encontro interrompido anteriormente por alegada ameaça de bomba e que se encontrava empatado 1-1, e que o Real Madrid ganhou então por 2-1, com um golo aos 90 minutos - dos 6 que se jogaram - de penalty), lembrei-me daquela brincadeira que os miúdos da escola, putos reguilas, costumam fazer com os seus pobres amigos benfiquistas:
"Sabes qual é a única forma de o Benfica voltar a ser campeão Europeu?
Só na PlayStation!!!"
Talvez no nível mais fácil, dizem vocês, mas pegando nesta ideia, penso que se os jogos de futebol tivessem apenas 6 minutos, o Benfica seria, de facto, um forte candidato a campeão Europeu (uma espécie de Chelsea dos mini-jogos), e passo a explicar a minha teoria:
O Mantorras, que não está em condições de jogar 90 minutos como toda a gente sabe, seria um jogador temível em 6 minutos, podendo explanar convenientemente todo o perfume do seu futebol, que tem estado até agora dividido entre clínicas espanholas de fisioterapia e almoços com a equipa B (nunca percebi muito bem porque é que não o convidam para os almoços do clube). Quanto mais não seja, porque até o Mantorras teria dificuldade em se lesionar em tão pouco tempo de jogo (desde que, obviamente, não fizesse o aquecimento prévio, o que poderia agravar a sua lesão).
Já o Nuno Gomes, jogador de altos e baixos, poderia explodir nesses mini-jogos, e logo a seguir ir a correr para o cabeleireiro sem estragar a sua linda cabeleira. Custa-me muito vê-lo a sofrer, durante 90 minutos, sucessivas agressões ao seu cabelo, que se torna seco e muda de tom. Aqui o Benfica extrairia ainda benefícios económicos directos, pois a Pantene ou a Vidal Sassoon poderiam patrocinar o penteado do Nuno Gomes, que em 6 minutos mostraria ao mundo um penteado rico e viçoso, saindo depois a correr para o cabeleireiro.
O Petit, esse, em 6 minutos seria mesmo o melhor médio do mundo. E digo isso sem receio algum pois como toda a gente sabe, em 90 minutos de jogo, o Petit não consegue atingir um patamar elevado, pois as distracções são imensas: Já parti a perna àquele tipo?
Ou: Aquele está a olhar para mim com cara de mau, será da minha equipa?
Ou ainda: Olha ali aquele bonito, vou bater nele para não se armar comigo!
E o clássico: O Argel, onde está o Argel? Tenho que me por a pau senão ele acerta-me nas costas.
E, claro, o famoso: Intervalo? Porquê? Ainda não mandei ninguém para o hospital!
Em 6 minutos isso não acontecia, e o Petit podia concentrar-se exclusivamente na sua missão: bater em tudo o que se mexe e em quem quer que se atrevesse a passar a linha do meio-campo.
E chegamos assim ao golo. Sim, porque para ganhar, mesmo em 6 minutos, o Benfica teria que marcar um golo. E foi o mítico penalty do Karadas (que dava para um livro) que me veio ajudar a compor a minha teoria: Em 6 minutos o Benfica era imbatível: tudo à defesa, com o Petit a bater nos desgraçados que tentassem se aproximar da área, o Argel e o Rocha a limparem os corpos e os outros todos a ajudarem à festa.
O árbitro, esse, preocupado com os feridos, não via o Simão Sabrosa a isolar-se, pela linha e a ser nitidamente travado, em falta pelo seu atacador, à entrada da área, sendo que o seu corpo seria projectado, pelo ar, durante largos metros, até cair, inconsciente, com a cabeça em plena grande-área.
Penalty, sem margem para dúvida, que o próprio Simão iria converter, ajudado pelo Petit e pelo Argel que seguravam no guarda-redes adversário enquanto o João Pereira lhe puxava os calções até ao chão (na NBA também não se mostram posters de gajas nuas aos atletas que vão marcar os lances livres?).
E o golo era certo!
Mais uma grande vitória do clube da águia, sem margem para dúvidas.