terça-feira, março 01, 2011

A verdade acaba sempre por aparecer

Tinha eu acabado de escrever o comentário anterior quando tropeço neste artigo de Luís Sobral:

Um treinador não se comporta assim
Mais um momento impróprio no final de um jogo

Por Luís Sobral2011-03-01

"Quando Jorge Jesus agrediu (no mínimo, tentou) Luiz Alberto, do Nacional, eu achei que não havia grande razão para valorizar muito a coisa. Não por ser Jesus, não por ser o Benfica. E, claro, não por ser um jogador do Nacional. Apenas porque acho que aquelas coisas acontecem.

Este domingo, outra vez com uma equipa da Madeira, Jorge Jesus voltou a procurar o centro do relvado para libertar a pressão. E voltou a fazê-lo de uma forma que ameaça tornar-se padrão: refilando, provocando os adversários. 

Duas vezes, em tão pouco tempo, já merece uma reflexão.

Afinal, parece não se tratar apenas de uma coisa que acontece, mas sim de uma certa forma de estar. E esta forma de estar é imprópria para um treinador e especialmente perigosa quando se trata de uma pessoa que dirige uma equipa de futebol como o Benfica. 

Jesus precisa de mudar. 

Caso não consiga fazê-lo sozinho, através da reflexão sobre qual deve ser a atitude de um treinador, a Liga deveria ajudá-lo. E ajudá-lo é, neste caso, punir Jorge Jesus. Forçá-lo a mudar.

De resto, é incompreensível que Jorge Jesus tenha estado envolvido em mais um momento impróprio sem que seja conhecida a decisão sobre o que se passou no Benfica-Nacional. Admito que a Comissão Disciplinar da Liga esteja a cumprir todos os prazos. Mas são precisamente os prazos que estão errados.

Ainda um dia destes a UEFA explicou como se faz, ao punir Gattuso com um castigo exemplar. Foi duro? Sim, mas sobretudo foi rápido e deixou claro que um jogador não pode ir ao banco do adversário agredir um treinador. Pelo menos na Europa.

Em Portugal, tudo demora muito tempo porque no fundo temos medo de decidir. E todos sabemos que o tempo geralmente atenua as coisas.

P.S. Tão incómodo como ver Jorge Jesus no centro do terreno a querer medir forças, é reparar em Rui Costa ao seu lado. A mesma postura, a mesma incapacidade para manter a calma. Custa-me escrever isto porque admiro Rui Costa, a pessoa e o profissional, há muito tempo. Mas é preciso dizê-lo: ao comportar-se daquela forma, Rui Costa passa ao lado do que deve ser um dirigente do Benfica. Muito ao lado."


Excelente Luís, pensava eu que estava a falar sozinho.
Obrigado pela clareza de espírito e pela forma clara como se expressa. 
O futebol agradece.

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