sexta-feira, junho 17, 2005

Trapattoni: o regresso a casa


Ficaram célebres as declarações de Trapattoni no fim da época: "Tenho saudades de casa e dos netos", "Quero regressar ao meu país", "Estou há muito tempo fora de casa", "A minha mulher exige o meu regresso", "Prefiro treinar um clube da 2ª divisão Italiana do que ficar no Benfica", entre muitas outras. Ora, para meu espanto, o mesmo Trapttoni foi anunciado hoje como o novo treinador do Estugarda, que como toda a gente sabe é um clube alemão, o que só vem comprovar a coerência deste senhor e na forte razão que o levou a deixar o Benfica: as saudades de casa (ndr: passo a usar ironia daqui para a frente).

 

Como sabemos, Estugarda é pertinho de Itália, mas mesmo que fosse o Bahrein ou as Filipinas, tudo servia para sair do Benfica. Este grande nome do futebol mundial marcou uma era no clube da Luz, mas passou de fininho, sem convicção e mortinho por de lá sair.

 

Tenho bem presente na memória o célebre jogo com o Sporting, quando nos derradeiros minutos de jogo, com as duas equipas empatadas a zero (antes do "fabuloso golo de Luisão com o ombro" e que Ricardo tanto aplaudiu – ndr: veio-se a descobrir depois que afinal não aplaudiu, apenas pedia penalti, pois Luisão chamou-lhe frangueiro antes dele tocar na bola), e onde Trapattoni, encostado ao banco de suplentes, parecia rezar para que o jogo acabasse rápido, ignorando os apelos do público (e de Álvaro Magalhães, figura garbosa do nosso imaginário colectivo), que desesperavam por mudanças (Mantorras já tinha conseguido apertar os cordões no banco, sem a ajuda de ninguém).

 

Mas quis o destino (e o Ricardo) que o Benfica ganhasse esse jogo e Trapattoni, fiel aos seus princípios, apelando à boa alma benfiquista, foi para casa... (ou para bem longe dali, que é mais o caso, como hoje se pode comprovar).

 

Obrigado Trapa, por mais esta grande lição de humanidade e de fidelidade ao clube. Também o espanhol, quando chegou ao Real Madrid, disse cobras e lagartos do que tinha visto, mas até esse, Camacho, voltou a ser falado este ano para substituir Trapattoni.

 

Quem sabe se em 2007, ano em que acaba o contrato de Trapa com o Estugarda, ele não regressa, qual D. Sebastião, e juntamente com o valente D. Álvaro Magalhães (repescado de um clube da 3ª Divisão distrital, onde trabalhava como porteiro) devolvem toda a glória ao clube da águia (entretanto perdida... a glória, não a águia, que por acaso também se chama glória)... mas só por um ano, que depois há que fugir a sete pés, para outro clube qualquer.

 


 

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