Dizem os filósofos que podemos aferir a sabedoria de um povo pela qualidade dos seus provérbios. Atendendo a isto, acho estranho como nos mais diversos relatórios da ONU sobre a qualidade da Educação mundial, Portugal não apareça nos primeiros lugares. Somos um país de ditos populares e temos algumas pérolas como «Quem quiser mal à vizinha, dê-lhe em Maio uma sardinha», «Bom estrume e bom lavor, traz tudo num primor», «No dia de S.Martinho fura o teu pipinho» e «Se os pepinos crescessem em Dezembro, ninguém os comeria». Eu pessoalmente prefiro outro tipo de adágios mais profundos, daqueles que fariam Platão perder noites de sono para perceber a sua verdadeira essência: «De burros não se espera senão coices» ou «Se quiseres tirar os teus chifres da testa, tens de levar um coice da tua besta».
Foi pensando neste último provérbio que ouvi as declarações de José Couceiro após o jogo que opôs a sua equipa à do Benfica. Entre outras pérolas, disse que Karadas tinha agredido Ricardo Costa, que o resultado era imerecido, que o FCP tinha jogado melhor e que o Benfica tinha vindo ao Estádio do Dragão para não perder. Depois de eu ter levado três injecções de dipromicina porque teimava em rebolar pelo chão a rir-me (se vivesse na Galileia na época de Jesus Cristo, o meu nome apareceria nos Evangelhos como um possesso ou um endemoninhado), relembrei uma conversa que tinha tido dias antes com colegas meus à mesa de um jantar quando confessei a minha estranheza pelo facto de Couceiro estar a apresentar um discurso calmo, ponderado e demasiado educado, totalmente contrário às declarações carregadas de facciosismo e vitupérios que caracterizam os treinadores das Antas desde o tempo das bolas de cautchú. Infelizmente, Couceiro não demorou muito a adaptar-se à «escola das Antas».
Como benfiquista, estou contente pelo resultado de ontem, até porque a maioria da imprensa já fazia o nosso funeral: 10 anos sem pontuar nas Antas, 14 anos sem vencer na casa do FCP, Ibson é um jogador de grande qualidade, blá,blá,blá, balelas. O resultado foi justíssimo, dadas as oportunidades de jogo das duas equipas. Mas pelo amor de Deus, não me digam que o FCP jogou melhor ou que o Benfica só defendeu. Fomos a equipa que melhor trocou a bola durante todo o encontro, os 30 minutos iniciais mostraram um Benfica muito melhor e personalizadíssimo e já não me recordo da última vez em que o Benfica entrou nas Antas ou no Dragão a jogar de forma tão corajosa como a de ontem. Por isso, este empate sabe a vitória e jogadores do SLB houve (Petit, por exemplo) que calaram a boca a muitos dirigentes-Raposeira que quando abrem a boca para dizer os seus gracejos impregnam a sala com o seu hálito a champagne meio-seco.
Já agora, como curiosidade, uma rádio conceituada divulgou hoje de manhã que findo o jogo de ontem, a ilustre Carolina Salgado se deslocou ao balneário do Benfica e insultou alguns jogadores como Petit e Azar Karadas, mostrando toda a sua elevação e nível insuspeitos. Infelizmente, estou para perceber como franquearam o acesso dessa senhora (?) aos balneários já que a última vez que ela foi delegada ao jogo foi num encontro de beneficência entre as equipas femininas da Taberna do Infante e a do No Calor da Noite, cuja receita revertia a favor de algumas funcionárias das casas para suportar os custos de uma viagem a uma clínica de Badajoz. Algum tratamento dentário, com certeza...
terça-feira, março 01, 2005
O Primeiro Coice de Couceiro
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