
O povo português sempre se celebrizou internacionalmente pela arte do «desenrascanço». Em épocas onde a crise imperava e em que nos bolsos semi-rotos não pululavam mais do que montículos de pó e palitos usados, o português apelava sempre às suas capacidades criativas para obter os seus fins, mesmo que isso implicasse fintar a lei. São inúmeros os exemplos: na década de 70, todos sabiam que para se poder telefonar de borla numa cabina pública, bastaria despejar água por cima do aparelho. Hoje em dia, qualquer pé-rapado com conhecimentos poderá fazer uma ligação clandestina ou arranjar uma powerbox viciada para ter Televisão por Cabo à discrição. Além disso, para quê gastar rios de dinheiro em DVDS e jogos originais para PC quando podemos pedir a um vizinho que nos grave esses mesmos títulos pela módica quantia de «Eu depois pago-te uma francesinha»?
Dizia um dia um amigo meu que, se estivermos numa rua movimentada de Nova Iorque com milhares de transeuntes a passear, mesmo que entre eles haja apenas um único português, poderemos identificá-lo imediatamente: é aquele que está a trepar o sinal de trânsito para levar a placa para casa, aproveitando o alumínio para vender.
O Chico-Esperto português pode ser descoberto em qualquer área: na Política, na Educação, na Justiça, na Saúde e até...no Futebol, actividade onde dirigentes, jogadores e empresários tentam acautelar os seus interesses à custa da ingenuidade dos mais crédulos. E o maior exemplo do Chico-Esperto está presente naquele que é consideravelmente o melhor treinador português: José Mourinho. A sua valia como génio táctico e condutor de homens é inquestionável, mas se formos abordar as suas qualidades humanas, a expressão «pouco digno de confiança» poderá parecer a muitos como um eufemismo.
São inúmeros os casos na história recente do futebol português que atestam a falta de carácter e a arrogância de Mourinho: a prepotência com que se dirigiu a Manuel Vilarinho após a vitória 3-0 sobre o Sporting, exigindo a prorrogação do seu contrato como treinador do Benfica; os ataques verbais à equipa de arbitragem quando o FCP não ganhava um jogo ou então, o caso mais lamentável, a destruição da camisola de Rui Jorge e os insultos ao roupeiro Paulinho, minutos depois de ceder um empate em Alvalade e de ter levado um banho de bola na segunda parte. Isto já para não falar dos casos extra-conjugais que manteve com namoradas de jogadores seus e de elementos das claques oficiais do FCP.
Mourinho é um génio. Questão dogmática, insofismável, ponto final. O seu trabalho está avançado no tempo e comprova que o Futebol, tal como outras actividades sociais, está também sujeito à Evolução. Não é qualquer um que chega a Inglaterra e deixa treinadores míticos como Arsène Wenger e Sir Alex Ferguson a uma dezena de pontos de distância. Mas, mais uma vez, Mourinho deixou o seu lado português vir ao de cima e o recente episódio com Ashley Cole prova-o. Não nos custa nada a acreditar que Mourinho tivesse encetado negociações com Cole, à revelia do Arsenal e com a época futebolística a decorrer, sendo que o Arsenal é o mais sério rival do Chelsea na luta pelo título nacional. Quem percebe um pouco de futebol, sabe que o lado esquerdo da defesa do Chelsea é o seu grande calcanhar de Aquiles, que Wayne Bridge e Celestine Babayaro não se mostraram como opções à altura, obrigando por vezes Mourinho a adaptar William Gallas e Paulo Ferreira à posição de lateral esquerdo. E quem é o melhor lateral esquerdo do Mundo? Ashley Cole, evidentemente, que me perdoem os acérrimos fãs de Nuno Valente.
Mourinho tentou pois colocar em prática, na terra do «Fair-Play», 3 anos de aprendizagem na escola das Antas, ou seja, aliciar jogadores em pleno campeonato. Todos se recordarão do episódio Maciel na temporada passada e do encontro secreto entre este jogador e Mourinho em pleno santuário de Fátima. Ou do estranho cartão amarelo com que Pepe foi sancionado na jornada anterior ao Marítimo-FCP, para semanas depois a Imprensa noticiar que Pepe vestiria a camisola azul e branca por 4 temporadas, por indicação de... Mourinho.
1 comentário:
Este libelo anti-Mourinho é completamente infundado! Talvez o caso mudasse de figura se o homem assinasse por uma certa instituição da capital! Lá diz o povo no seu soberano juízo: ou há moral ou comem todos! E como não há moral...
Ao invés da censura ao Mourinho com base em teorias da conspiração, por sinal também típicas cá do burgo luso, porque não admitir a evidência? O jornalismo desportivo britânico é tão travesso quanto o nosso! Lá como cá, vale tudo para vender jornais.
Que fique claro que não defendo intransigentemente José Mourinho. Admiro-o como profissional. Quanto ao resto, as atitudes ficam com quem as toma; francamente, não me parece que tudo o que os pasquins desportivos nacionais publicaram no momento da saída do treinador do FCP, especialmente o "insuspeito" O JOGO, corresponda à verdade.
Caro Holmes Reys, o tom das insinuações pessoais recalcadas do jornal supracitado e sublinhado neste post é lamentável. Mais do que isso, só uma mente ardilosa e destiladora de ódios anti-azul fantasiaria uma trama tão rebuscada. Um pouquinho de sardonismo à Prof. Marcelo: vinte valores pela imaginação!
Um abraço.
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