quinta-feira, janeiro 27, 2005

Isto Sim, é Futebol!


Assistirmos a um espectacular jogo de futebol entre duas equipas portuguesas é um acontecimento tão raro quanto a passagem do Cometa Halley, ou seja, só acontece de 80 em 80 anos. Passe o exagero, o último encontro a que tinha atribuído a classificação de 20 valores acontecera dez anos atrás, o célebre Sporting-Benfica que culminou com a vitória das águias por 6-3 numa exibição de gala de João Pinto & Cia. Ontem estas duas equipas voltaram a fazer um jogo magistral, digno de uma final de um Campeonato do Mundo. Foi um hino ao futebol aberto onde brilharam os virtuosos e os perseverantes. Seis golos e ninguém mereceu perder.
Era um jogo difícil, especialmente para os benfiquistas, leia-se Trapattoni. Depois de uma derrota humilhante contra o Beira-Mar e de uma série de exibições assaz medíocres, a posição da «velha raposa» estava periclitante. Uma eliminação precoce da Taça apressaria a saída do treinador pela porta pequena, independentemente da férrea vontade de José Veiga em mantê-lo.
Já há muito tempo que os benfiquistas não viam Geovanni, Simão e Petit ao seu melhor nível. Ontem Geovanni mostrou os galardões que o levaram até ao Barcelona, Petit provou porque é o melhor médio defensivo português e Simão calou a boca a muitos críticos com o golo de antologia que marcou. Do outro lado, também houve estrelas cintilantes: Polga é no momento o melhor central a actuar no futebol português. Paíto demonstrou que pode vir a ser um caso sério dentro de poucas temporadas (golo magnífico) e Liedson fez valer os seus dotes de goleador de mão-cheia.
Confesso que estava bastante apreensivo com a nomeação de António Costa, até porque no seu historial constam muitas arbitragens negativas em diversos FCP-Benfica (Quem se esquecerá daquele vergonhoso golo anulado a Kandaurov nas Antas?). Ontem fez uma exibição bastante aceitável, com excepção de dois lances: o 2º Golo do Sporting em que Liedson encontra-se em nítido fora de jogo e o cartão amarelo mostrado a Bruno Aguiar que deveria ter sido claramente expulso. Aliás, sou um apologista de que qualquer entrada por trás ou uma entrada feita a pés juntos deverá ser imediatamente alvo da amostragem do cartão vermelho. A carreira de Mantorras ficou seriamente afectada por esse tipo de lances, muitos dos quais não foram sancionados. Ao contrário do que disse a crítica especializada, Hugo Viana foi, no meu ver, bem expulso. As Leis de Jogo exortam à punição quer da agressão como da intenção de agressão. A entrada de Viana a João Pereira foi assassina, e não obstante, é visível que o jogador sportinguista deu um murro na coxa do seu adversário. Claro que podemos achar a reacção de João Pereira muito exagerada e até condená-la mas caso o não tivesse feito será que o árbitro teria decidido correctamente? Todos sabemos que não...

Sem comentários: