terça-feira, junho 16, 2015

O paradigma da “formação”

Toda a gente reconhece que o futuro do futebol Português passa pela formação de jovens talentos. Diria mesmo que é uma verdade da "La Palisse". A questão é saber se esse será o caminho dos clubes portugueses, porque jogadores jovens com talento sempre existirão por cá. Falta saber se terão oportunidade para mostrar o seu futebol em terras lusas.

Cristiano Ronaldo e Nani serão os expoentes máximos do jovem jogador português que se vê "forçado" a emigrar em busca da fama e da glória, e essas são duas histórias por demais conhecidas.
Mas existem muitos outros que continuam a ter que sair do país para poder jogar ao mais alto nível (e foi para isso que lutaram), por não encontrarem no país esse espaço de desenvolvimento.

Vieirinha, Ivan Cavaleiro, Bruma, André Gomes, Josué, Bernardo Silva, João Cancelo, Hélder Costa ou José Fonte são apenas alguns nomes duma lista imensa, de jovens futebolistas foçados a jogar fora de portas porque não encontraram por cá o espaço competitivo que precisavam para evoluir.

Em termos teóricos, seria natural que estas promessas pudessem atingir nos seus clubes de formação o mesmo nível que acabam por conseguir nos clubes estrangeiros para onde vão…

Na prática, não é o que acontece, acabando muitos deles encostados nas moribundas formações B ou em clubes com condições e ambições medíocres, dos escalões secundários.

Recentemente o Sporting ensaiou um modelo que me parecia bastante mais atraente, emprestando alguns jogadores a clubes da primeira divisão de países mais pequenos, acabando estes por assumir rapidamente lugares de destaque nessas equipas, sem a pressão dos grandes desafios. William Carvalho foi um bom exemplo deste modelo, que parece não ter feito escola por cá.

E depois, temos o papel do treinador principal. Jorge Jesus era adverso a promoções baseadas na nacionalidade, e chegou mesmo a dizer que o Benfica precisava de mil ano par formar um jogador como Matic. Curioso ver como será agora o seu papel no clube de Alvalade. Já Rui Vitória, habituado que estava a trabalhar com a formação do Guimarães e a promover jovens talentos, terá pela frente uma tarefa gigantesca, de aproveitamento forçado da cantera benfiquista, fortemente delapidada nos últimos anos por negócios estranhos e facilitadores de negociatas com fundos ligados ao submundo do futebol. Quanto a Lopetegui, ele que chegou com o carimbo de qualidade das seleções jovens espanholas (e títulos), teve logo no primeiro ano o condão de promover um júnior á equipa principal (Ruben Neves), no que parecia ser um gesto para a formação de confiança e incentivo. Também ele se viu, ao longa da época, pressionado pelos (maus) resultados, e pouco se viu da sua tão propalada inclinação para os jovens da formação, apesar de ter sob o seu comando um dos planteis mais jovens de sempre no Dragão.

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