A pedra que caiu

A pedra que caiu
Alguém a atirou
Não sei quem foi que viu
Mas não nos atingiu
Caiu e lá ficou
(...)

Por volta de finais dos anos 60, Tony de Matos consolidou a sua faceta de cantor romântico, arrebatando corações femininos com esta balada. Ora, os americanos acreditam que toda a ocasião especial deveria ter uma banda sonora à altura, de modo a tornar-se inesquecível. Para este caso de possível corrupção ao árbitro José Cardinal, este seria o tema emblemático a ser entoado pelos altifalantes de qualquer boite ranhosa pois não duvido de que, tal como a letra o ilustra, tudo irá ficar em águas de bacalhau...

Mas, quem é José Cardinal?

Se estivéssemos num episódio da galardoada série CSI Corrupteland, o perfil psicológico feito através da expressão facial do indivíduo indicaria estarmos diante de um elemento com elevado grau de honorabilidade, não fosse o senão de esta foto ter sido tirada na cerimónia de homenagem da AFP pela presença de Olegário e seus auxiliares no campeonato do mundo 2010. Não é de todo inocente que esta sessão tenha sido gizada pelo mesmo causídico que protegeu a ascensão de Cardinal a árbitro auxiliar com insígnias FIFA.
Qualquer amante de futebol que viva no Norte conhece José Cardinal: portista ferrenho de Rio Tinto, trabalhou muitos anos na estação central dos CTT do Porto, tendo há meses atrás tirado uma licença para abraçar a profissionalização na arbitragem. Começou na equipa de Paulo Paraty e atingiu alguma notoriedade na final da Taça da Liga quando um infeliz Lucílio Batista se deixou enganar pela simulação de Di Maria. O outro fiscal de linha era Pais António, a quem um outro padrinho de Cardinal chama afetuosamente de «Ferrari de Setúbal» durante algumas emissões de «O Dia Seguinte», talvez frustrado por ser um dos poucos árbitros a quem o FCP não estendeu os tentáculos eficazmente. Se bem se recordam das palavras do treinador do Sporting após esse jogo, Paulo Bento insistiu na tecla de que José Cardinal havia avisado Lucílio de que não era lance para grande penalidade (acertadamente), apesar de estar no flanco contrário daquele onde o lance se desenrolou, indicador inequívoco da sua competência sob pressão.

Procurando desmistificar o velho paradigma de que ser portista não implica necessariamente ser antibenfiquista, Cardinal voltou às «bocas do mundo» na época passada quando, complementando uma infeliz arbitragem de Olegário, sonegou 2 penalties e um golo limpo aos encarnados no decorrer do Guimarães-Benfica, uma semana depois da homenagem da Associação de Futebol (que não Clube) do Porto. Coincidência infeliz, decerto.

Portanto, um árbitro que está a três meses de atingir o limite de idade na arbitragem, vê ser depositado numa conta offshore uma quantia apreciável, dias antes de uma meia-final da Taça, sugerindo a blogosfera que possa ter acontecido uma tentativa de corrupção protagonizada por uma equipa madeirense que está de relacões cortadas com o FCP (esqueceram-se de pagar os direitos de formação de Pepe, esquecimento que se prolonga há 4 anos e «roubaram» o seu melhor marcador para limpar com os seus gordos glúteos o pólen que se acumula no banco de suplentes do Dragão) e que, por mero acaso, é presidido pelo sogro de um Presidente da Liga que não foi apoiado pelo FCP. Curioso que nessa mesma ilha, more um outro clube primodivisionário que é aliado do FCP a ponto de ordenar que os seus defesas centrais estiquem o braço para cometer grandes penalidades a favor do FCP em momentos decisivos do campeonato. Coincidência infeliz, decerto.

Nos últimos 30 anos, fora os casos de Francisco Silva -que nunca viria a ser convenientemente explicado-, (sendo o nomeador-mor da arbitragem um certo Lourenço Pinto que nada tem a ver com o FCP nem aparece nas escutas do Apito Dourado) e um certo árbitro bracarense que foi interceder a Madalena ao santo padroeiro dos casamentos, o único árbitro a ter sido preso por corrupção foi José Guímaro por ter cedido às tentações leceiras...Isto, dois anos depois de outro suborno a Guímaro, conhecido pelo «Caso dos Quinhentinhos» ter sido abafado pela imprensa. Nada tinha a ver com o FCP, claro, nem estava envolvido um seu vice-presidente. Coincidência infeliz, decerto...