segunda-feira, março 14, 2011

O exemplo que vem de fora

É certo e sabido que o que é "estrangeiro" é melhor.
Pelo menos é isso que pensam 95% dos habitantes cá do burgo (estou a excluir os estrangeiros residentes, porque se ficam por cá, é porque provavelmente já chegaram a outra conclusão...). Vem este elaborado pensamento a propósito deste artigo e de alguns acontecimentos menos recomendáveis que têm por cá ocorrido.

Diz o artigo: "O United venceu o jogo por 3-2, depois de ter estado a perder por 2-0, em Anfield. Mas o comportamento da «claque» visitante foi tudo menos digno, com cânticos sobre os desastres de Heysel (1985) e Hillsborough (1989): nas duas ocasiões morreram adeptos do Liverpool."

Entre expulsões, agressões e cargas policiais, surpreende-me que o jornalista não se tenha referido ao jogo como "digno de um jogo da primeira ou segunda liga portuguesa". Recordo-me há uns anos, o inimitável Nuno Luz, na tentativa de reforçar o horrível do que tinha presenciado (um jogo qualquer do Porto em que os jogadores andaram todos à pancada, tipo túnel da Luz), saca de entrevistar um jornalista Inglês presente no local e pergunta-lhe, em péssimo inglês, se ele já tinha visto algo assim. O senhor responde que não, relegando o país para o lugar mais baixo da escala evolutiva da humanidade, apelidando os jogadores portugueses (e todos os outros portugueses) de terríveis animais sanguinários e autênticos bárbaros, coisa que na sua pacata ilha britânica nunca tinha sido visto. Ora, logo na altura, saltou-me à ideia as imagens de Cantona ao pontapé na bancada (ok, o tipo é francês, eu sei) e, claro, o próprio desastre de Heysel ou Hillsborough, ou então, mais cómico ainda, uma dada cena de pugilato entre jogadores ingleses, da mesma equipa, num jogo europeu qualquer.

Só mesmo o Nuno Luz para arranjar um Inglês que nos venha dar lições de moral. 
Querem ver que nós agora é que exportámos a violência das claques? Será que os tipos do Manchester andaram a ver os vídeos da Juve Leo a carregar sobre a polícia no jogo da taça da Liga com o Benfica? Ou as imagens do túnel da Luz (Nacional, Braga, Porto...).

Outra questão, a que voltarei em breve, é o jorrar de raiva e ódio nas televisões, em quase todos os programas televisivos cá do burgo, que esses sim devem ser caso único no mundo.
Por vezes até causam amargos de boca para os próprios protagonistas, mas já o meu avô dizia: "Quem semeia ventos, colhe tempestades".
 

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