segunda-feira, setembro 26, 2005

A pior substituição da época...

O Donosdabola dá hoje início a um prémio que promete tornar-se uma referência na imprensa mundial: a pior substituição da época.

Um dos fortes candidatos ao prémio final é já o líder isolado da classificação, com 12 e 15 pontos de vantagem para o 2º e 3º lugar respectivamente (que por acaso também são ocupados por ele). José Peseiro, emérito treinador do Sporting Clube de Portugal, isolou-se ontem no topo da lista com uma substituição que vai dar que falar e que entra directamente para o "Anuário das Substituições Falhadas de Todos os Tempos", a publicar brevemente (o prefácio é de Mário Wilson).

 

Ontem à noite, em Alvalade, José Peseiro mostrou à concorrência que não está para brincadeiras e que fará tudo para arrecadar o troféu: quando o Sporting ganhava por 1 - 0, contra um Setúbal desfalcado (o guarda-redes tinha sido expulso), com o jogo a caminhar para o seu término e a equipa adversária quase encostada às cordas, Peseiro, levantou-se do banco e olhou para os suplentes em exercício: Pinilla e Nani. Das bancadas o nome do Chileno era já entoado em cânticosas crianças procuravam uma foto do avançadoo comentador da SportTV esse, apostava antes em Nani ("mais rápido e desequilibrador"). Peseiro reflectiu e resolve chamar para dentro do campo... BETO! O defesa-central esboça um sorriso nervoso (de certo pensou que entrar naquela altura não seria muito bom para ele, com o "síndroma do Peru antes do Natal" a percorrer o seu corpo). Peseiro, esse, indiferente aos milhares de assobios, apupos, gestos da bancada e lenços brancos faz a substituição, tirando... LIEDSON!!!!

 

Sim, Peseiro, um "avançado mental" que ninguém compreende, voltou a mostrar toda a sua destreza e sagacidade, sacando da manga uma substituição preciosa. Liedson, esse, sai do campo a praguejar, insultando "não se sabe quem", recolhendo aos balneários com cara de poucos amigos (lembram-se da célebre reacção de Polga, a época passada, para Peseiro depois de uma substituição: "vai tomar no cu!", lembram-se?). Pinilla, totalmente rendido à estupidez da sociedade e á injustiça do mundo, regressa ao banco, cabisbaixo, agradecendo ao público o apoio, que continua a entoar o seu nome, em fúria. Os mais radicais acenam lenços brancos (não sei se já vos disse que o Sporting estava a ganhar?), outros abandonam o estádio, vê-se um casal enrolado, a carpir as suas mágoas. Por todo o lado reina a descrença, a confusão, o drama e o horror (parecia a reedição da final da taça UEFA do ano passado, naquele mesmo palco, talhado para as tragédias gregas).

 

Voltemos ao jogo: com essa substituição, Peseiro vira o jogo: perde os seus jogadores, ganha o ódio dos seus adeptos e dá alento aos jogadores do Setúbal que, embalados pelos insultos a Peseiro, ganham força e parecem acreditar na reviravolta. Foram dez minutos de emoção, com assobios e insultos à mãe do treinador como pano de fundo, com o medo estampado na cara de milhares de adeptos. Muitos, desesperados, pareciam pedir o impossível: que o Setúbal marcasse para poderem pedir a cabeça do treinador... E o Setúbal lá foi ameaçando marcar, tropeçando na bola, com menos um elemento, a jogar contra 11, com um Sporting amorfo, sem vida, sem cérebro... mas com Beto a comandar a defesa. No meio das bancadas alguém, heroicamente, batia palmas ao treinador, tentando inverter a situação (o seu corpo deu à costa hoje de manhã, junto ao Portinho da Arrábida).

 

E o jogo lá acabou, o Sporting ganhou e pela primeira vez em Alvalade (no mundo todo?) um treinador foi insultado, apupado, viu lenços brancos e foi cuspido depois de ter GANHO! Foi pena, pois Peseiro minutos antes parecia querer reconciliar-se com os seus adeptos, tirando Luís Loureiro, que pela primeira vez não viu um amarelo num jogo, com a camisola do Sporting (o recorde de 4 amarelos nos 4 primeiros jogos pelo Sporting ainda é dele, no entanto, destronando o saudoso Oceano, que agora apenas detém o recorde de 75 vernelhos com a camisola verde e branca).

 

Os adeptos do Sporting, ingratos, nem sequer ouviram Peseiro, que explicou, no final do jogo, aquela substituição diante das câmaras da SportTV: "os sócios pensam o jogo de forma emocional, eu tenho que pensar de forma racial". Terá sido por isso que tirou Liedson? Pela sua ascendência índia? Isso explica a sua preferência por Beto, ariano e de linhagem pura, descendente duma família centro-europeia católica. Sendo assim também Pinilla nunca poderia entrar naquela altura, pois o Chile foi colonizado por vários povos sendo os seus habitantes descendentes de uma miscigenação acentuada.

 

Obrigado, Peseiro, por tudo o que tens feito pelo futebol Nacional. Depois do Secretário, que também passou pelo Real Madrid, o futebol Português ganha outro incompreendido, um homem visionário, muito à frente do nosso tempo. Por tudo isto Peseiro recebe já o prémio final para a pior substituição da época. Tal como Mourinho, também Peseiro começa a marcar uma época e a estabelecer recordes que só ele poderá bater.

 

Deixo aqui uma última questão: até onde pode ir o Sporting de Peseiro? Chegará ao Natal?

Cá estaremos para futuras análises, sempre, como diz Peseiro, "de forma racial".

 
 

1 comentário:

Anónimo disse...

Peseiro, a Associação Recreativa e Popular da Falangeira está contigo.

Se precisares temos um lugar de descascador de batatas para ti... mas não podes inventar muito, as batatas estão caras.