segunda-feira, agosto 29, 2011

O Cavaleiro da Luz



Tinha eu apenas 13 anos quando chegaste à Luz debaixo dos focos da imprensa. Tínhamos acabado uma época má devido a um erro de vaidade de Gaspar Ramos em contratar Ebbe Skovdhal. O Toni lá conseguiu emendar os erros de um treinador amador e chegámos à final da Taça dos Campeões, onde só fomos derrubados pelo penalty falhado de Veloso. Como defesa central, só tínhamos um jogador de classe: Carlos Mozer. Dito, Edmundo e Samuel alternavam na titularidade, mas era visível que Mozer precisava de um companheiro à sua altura. Quando Pinto da Costa veio roubar-nos Dito e Rui Águas naquilo que ele julgava ser um grande golpe na instituição gloriosa, Sua Santidade mais não nos fez do que um grande favor. Fomos contratar o central titular da Canarinha, perante os protestos da torcida do Fluminense.

E tu chegaste, não deste muitas entrevistas. Foste discreto frente aos microfones, mas em campo impuseste o teu valor. Não eras duro, mas antes seguias uma linha de marcação posicional que implicava antecipares-te ao teu adversário. Foste campeão em 1989 e em 1991. Depois, Artur Jorge pediu-te a Manuel Barbosa e lá foste para Paris, onde mais uma vez te tornaste indiscutível. Foste ídolo dos franceses mas, depois...Depois, o teu coração falou mais alto e regressaste. «É velho», diziam os mentideros! Ainda jogaste mais uma época em alto, mas não mereceste que o Benfica tivesse um treinador como Artur Jorge a emporcalhar a dignidade da sua instituição.

Hoje, ligo o computador e vejo que lutas pela tua vida: o segundo AVC grave em dezoito meses. Espero que consigas fintar a morte, da mesma maneira como jogavas em campo: com classe e «souplesse»...

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